Estes são os Blogues dos que amam Angola

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quinta-feira, 18 de março de 2010

Queria ser selvagem


O titulo desta minha menssagem é a realidade do que sinto, do que gostaria de ser. "Selvagem", sim... Este sentimento que me invade a alma, deve-se ao facto de ter vivido 14 anos da minha vida, entre selvas e savanas em Angola.

Neste sistema, que teimam em chamar de "civilizacional" não tem lugar para o meu ser, para a minha alma. Aqui, neste sistema, onde sou obrigado a viver, sinto-me como um pássaro em gaiola, preso sem liberdade.

O mundo, dos chamados "civilizados", não tem lugar para mim. Neste lado, onde as habitações chegam a serem mais altas que as árvores, o chão do verde da natureza é substituido pelo negro do alcatrão ou cinzento do betão, e, as regras criadas pelos homems tiram-me a liberdade.

Naquele lado, perto dos meus 9 e 23 anos, vivi com a natureza. Vivi com os meus amigos de raça negra da selva e savana. Não necessitava-mos de dinheiro, porque o dinheiro não comprava nada e tinhamos tudo para sermos felizes.

Não eramos refens do relógio, não tinhamos e não precisavamos dele.

Sempre que os rapazes da minha idade iam á caça levavam-me com eles. E eu, mais um deles, ficavamos sentados em cima de uma grande lage de um pedragulho, de tantos que existiam no interior da selva, enquanto os outros caçavam.

Os seus pais tinham pequenas lavras, onde, maioritariamente, eram as mulheres quem com um sacho, que tinha um cabo com apenas trinta centimetros, debruçadas, com as crianças de tenra idade dormindo deitadas sobre o seu dorso e seguras por uma "tanga", iam cavando a terra o que não era preciso muita coisa visto que se tratava de terreno tufoso e fértil.

Ali plantavam batata-doce, mandioca, ananás, abacateiros, papaieiras, mamoeiros e bananeiras. Semeavam milho, feijão, massambála e amendoim (Jinguba). Todos tinham muitas árvores de frutos, mangueiras, abacateiros, bananeiras, goiabeiras, mamoeiros, papaieiras, pitangueiras, laranjeiras, fruta pinha (sap-sap) e tantos outros.

Na selva, tambem, havia muita e grande variedade de frutos e legumes que já nem me lembra do nome de tais, mas sei que eram muito gostosos e nutritivos, quando pensso neles ainda lhes sinto o gosto.

Quando o sol nascia, lá começava o despertador da selva a funcionar, com uma bela melodia de tons feitos pelas dezenas de variedades de raças de aves e o grito dos macacos, tabem, de várias raças.
Saía-se de casa, casas feitas de paus atados, forradas as paredes e cobertas com "capim" ou rama da palmeira, em algumas, nas paredes, era chapado barro com erva seca misturada para poder ter mais conssistencia. A primeira coisa a fazer-se, quando se saía, era defecar encostado a uma árvore por entre outros pequenos e grandes arbustos e capim ao som da selva. Depois dava-se um mergulho no largo rio que ali passava. Voltava-se a vestir os calções e, ou não, a t-shert. Regressava-se a casa no Kimbo (aldeia), enquanto se colhia lenha e se apanhavam alguns frutos que ao mesmo tempo se aproveitava para matar-o-bicho (pequeno almoço).

Ali, eramos livres como toda a selva o era!

Ali, não havia pressa para nada. Tambem não existiam tabus. Eramos todos naturais e vivia-se tal como os outros animais vivem no espaço livre e natural.

O ser humano tinha toda a liberdade que os outros animais selvagens têm. No que diz repeito ao acto de copular, funcionava tal como a natureza o criou. Tal como acontece com os outros animais e aves, praticava-se sempre que o homem e a mulher assim o desejassem. Claro que, não á vista de todos. Não importava a idade, o que importava era o desejo. Era, também, normal e natural verem-se raparigas com 13 ou 14 anos já mães. Se na mulher lhe vem a menstruação aos 12 ou 13 anos foi a natureza que assim o deliberou para que, a mesma, pudesse procriar. Se esse facto está errado, no chamado mundo civilizado, e só poderiam serem mães a partir dos 16 ou 18 anos, porque é que a menstruação lhes vem mais cedo? Tal, como o mundo "civilizado" defende, é que, o casamento ou união, a cópula, o procriar, deve ser feito só a partir da maior idade que, segundo eles, agora é aos 18 anos! Pergunto: -Etão porque é que o homem inicia a ejeculação e a mulher a menstruação mais cedo? Isto não é viver a vida com liberdade. Viver a vida com regras, não é ter liberdade.

Também, naquele povo onde vivi, não existia a regra ou complexo de a cópula ser praticada entre homem e mulher de idades próximas.

As regras, tabus, burocracias, corrupção do homem da chamada "civilização" eram desconhecidas do meu povo, o povo da verdade que me integrou na sua comunidade e me ensinou os segredos da selva.

O homem que vive no lado da chamada "civilização", principalmente os media, quando mostram os povos que vivem dentro daquelas selvas e savanas, longe deste manicómio, dizem que "eles vivem em extrema pobreza". Este raciocinio irrita-me! Pois eu digo que, quem vive na pobreza são os que vivem neste lado, no lado onde o humanismo não existe, e tudo fazem para adquirir coisas, e, até se intrometem no habitat dos que querem viver na paz da natureza. Estes sim... estes, do lado chamado "civilização", vivem em grande pobreza e loucura.
Ser selvagem é sr-se livre. Ser-se civilizado é viver-se refém de coisas, regras e leis.

Homens a imporem regras e leis sobre outros não tem cabimento!

Eu queria voltar a ser selvagem! Viver na selva! Não importa se na Amazónia, na Ásia ou em África, mas queria ser selvagem.



2 comentários:

  1. Meu cota! se um dia qiuseres voltar para angola, serei uma das primeiras pessos a le receber.

    Olha eu sou o Guy do Gira Angola. este é um novo blog, para divulgar meu lado musical

    Força

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  2. meu amigo
    venho deixar a minha Amizade por aqui...
    Gostei e Africa é algo que não tem explicação.
    nós que a Amamos sabemos o que quer dizer a palavra...Saudade...
    um beijinho para ti e vamos mesmos estando sempre por aqui...

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