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quarta-feira, 24 de março de 2010

ESTOU VIVO GRAÇAS AO SAGUE DE UM HOMEM PRETO


Não posso também deixar de mencionar, neste meu blog, que devo a vida a um negro que não conheci:
Certo dia, quando eu tinha 18 anos, inesperadamente senti os meus pulmões a encherem-se de um líquido. Eu, já com falta de ar, tossi e à medida que eu tossia, saía constantemente sangue em grande quantidade, até que desmaiei e fui transportado para o Hospital de Gabéla que distava cinquenta quilómetros daquele local.
Por coincidência ou ironia do destino, quando dei entrada no Hospital, o médico que fazia ali trabalho era o mesmo da tropa. Como naquele tempo não havia sangue empacotado para transfusão, o médico tratou logo de ligar para o quartel e ver se estava lá algum militar com o sangue compatível com o meu. Por acaso, e talvez por força da natureza, nesse dia tinha ficado de castigo no quartel um militar de raça negra. Esse militar tinha o mesmo tipo de sangue que eu: ORh +. Tiraram-lhe duas seringas de sangue e eu fui salvo.
Como vêem, a raça humana não tem cor!
Mas notei, três meses depois, quando saí do Hospital, que algo havia mudado.
É que antes deste acontecimento eu detestava comer tomate, mas a partir dessa altura passei a adorar salada de tomate e quanto mais maduro for o tomate, melhor.
Muita gente dizia: - Quem beber água do Bengo não vai conseguir esquecer e vai sempre sentir saudades de Angola.
Mas eu não fiquei apegado a Angola somente pela água do Bengo, também foi pelo sangue que me fez retornar à vida!
Durante os três meses que permaneci naquele hospital, a minha mãe esteve sempre presente, do meu lado, noite e dia. Se tivesse de morrer, morreria ao lado da minha mãe. “Obrigado mãe!”.
No primeiro mês não me lembro de nada, estive em estado de coma, mas a minha mãe contou, que eu me revoltava com todos, incluindo ela, dizendo-lhes inclusivamente palavrões. Depois de ficar consciente, senti-me a relembrar algo que se passara durante esse mês. Foi como se estivesse sonhando, durante esse tempo, com lugares e coisas que vivi, mas que não eram reais. Passei por lugares onde só mesmo no imaginário da ficção é possível ir. Eram lugares dentro da savana, à beira rio, com variedades de pássaros e animais e belas árvores. Autênticos jardins do Éden, onde brinquei com animais ferozes e tive um lindo romance com uma bonita donzela.
Depois de todo este sofrimento e ao cabo de algum tempo, acabei por melhorar e sair do Hospital.
Assim, retomei a minha vida no meu kimbo, junto dos meus colegas e amigos, dos quais já sentia saudades

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