Logo que cheguei a Angola fui viver, numa fazenda de café, entre grandes árvores centenárias, entre os morros do Amboim, Cuanza Sul, perto das belas cachoeiras (quedas de água) que se situavam entre a Gabela e Novo Redondo, actual “Sumbe”. Ali, o ar e as águas eram puras e os únicos barulhos que se ouviam eram os cantares dos belos pássaros que nidificavam por entre a ramagem das palmeiras, dos banzes, bananeiras, taculas, mulembas e cafeeiros.
Aquela era uma zona de muito cacimbo (nevoeiro). Nalgumas manhãs, ele era tão denso que apenas se conseguia vislumbrar o que quer que fosse a uma distância de vinte metros.
Só por volta do meio-dia, quando o Sol rompia víamos aquelas árvores repletas de pombos verdes. Eram tantos que por vezes havia árvores que continham mais pombos do que folhas. Estes viajavam em tão grande velocidade que perante o cacimbo não tinham tempo de parar antes de embaterem contra a nossa casa, que com a sua parede branquinha se confundia com o nevoeiro e acabavam por morrer.
De vez em quando, víamos passar por entre a selva, com plantações de café por baixo de arvoredo de grande porte, um comboio movido a lenha que fazia o trajecto de Porto Amboim à cidade da Gabéla, transportando mercadorias e pessoal. Embora fosse muito lento, este dava uma imagem bonita por entre a selva da montanha, conhecida como “Os morros do Amboim”.
Ali, na fazenda “Quitona” dependência da sede do “Congulo”, estávamos no mato, isolados de toda a civilização, não havia sequer uma escola por perto.
Ali existiam muitos tipos de animais selvagens. Desde javalis, veados, galinhas do mato até milhares de macacos de várias raças.
Lembro-me que um dia, eu, as minhas irmãs e uns amigos negros, entrámos pela mata adentro e por cima de uma enorme laje, na qual estavam sobrepostas outras grandes pedras com cerca de quarenta metros de altura, vimos um vulto branco que se deslocava constantemente sem sair da laje. Passado pouco tempo, notámos que era um grande macaco, talvez pertencente à família dos chimpanzés e, tal como existem pessoas Albinas, também ele o seria e viveria solitariamente por ter sido expulso do clã.
(Isto foi o que eu deduzi).
Passados mais uns quatro anos o meu pai deixou de trabalhar para esse patrão e foi trabalhar alguns meses por conta de seu irmão (Carlos dos Santos Sousa) na Quilenda, mas logo descobriu, no lugar do Lundo, mais propriamente junto à “sanzala Cananguena” junto ao rio N’hia, numa das savanas angolanas, uma fazenda com cem hectares, de um proprietário, que se encontrava abandonada.
Aí ficámos até Junho 1975, data em que tudo tivemos que abandonar.
Durante os cinco anos que vivi nas fazendas de Mário da Cunha, eu tinha poucos amigos para conviver, mas na Cananguena tudo mudara: havia muitos adolescentes da minha idade: rapazes e raparigas de raça negra. Como sempre fui de fácil acesso à integração nas comunidades onde vivo, também ali não foi excepção.
Aquela era uma zona de muito cacimbo (nevoeiro). Nalgumas manhãs, ele era tão denso que apenas se conseguia vislumbrar o que quer que fosse a uma distância de vinte metros.
Só por volta do meio-dia, quando o Sol rompia víamos aquelas árvores repletas de pombos verdes. Eram tantos que por vezes havia árvores que continham mais pombos do que folhas. Estes viajavam em tão grande velocidade que perante o cacimbo não tinham tempo de parar antes de embaterem contra a nossa casa, que com a sua parede branquinha se confundia com o nevoeiro e acabavam por morrer.
De vez em quando, víamos passar por entre a selva, com plantações de café por baixo de arvoredo de grande porte, um comboio movido a lenha que fazia o trajecto de Porto Amboim à cidade da Gabéla, transportando mercadorias e pessoal. Embora fosse muito lento, este dava uma imagem bonita por entre a selva da montanha, conhecida como “Os morros do Amboim”.
Ali, na fazenda “Quitona” dependência da sede do “Congulo”, estávamos no mato, isolados de toda a civilização, não havia sequer uma escola por perto.
Ali existiam muitos tipos de animais selvagens. Desde javalis, veados, galinhas do mato até milhares de macacos de várias raças.
Lembro-me que um dia, eu, as minhas irmãs e uns amigos negros, entrámos pela mata adentro e por cima de uma enorme laje, na qual estavam sobrepostas outras grandes pedras com cerca de quarenta metros de altura, vimos um vulto branco que se deslocava constantemente sem sair da laje. Passado pouco tempo, notámos que era um grande macaco, talvez pertencente à família dos chimpanzés e, tal como existem pessoas Albinas, também ele o seria e viveria solitariamente por ter sido expulso do clã.
(Isto foi o que eu deduzi).
Passados mais uns quatro anos o meu pai deixou de trabalhar para esse patrão e foi trabalhar alguns meses por conta de seu irmão (Carlos dos Santos Sousa) na Quilenda, mas logo descobriu, no lugar do Lundo, mais propriamente junto à “sanzala Cananguena” junto ao rio N’hia, numa das savanas angolanas, uma fazenda com cem hectares, de um proprietário, que se encontrava abandonada.
Aí ficámos até Junho 1975, data em que tudo tivemos que abandonar.
Durante os cinco anos que vivi nas fazendas de Mário da Cunha, eu tinha poucos amigos para conviver, mas na Cananguena tudo mudara: havia muitos adolescentes da minha idade: rapazes e raparigas de raça negra. Como sempre fui de fácil acesso à integração nas comunidades onde vivo, também ali não foi excepção.
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