Angola, que eu conheci desde o inicio dos anos sessenta, em varadas dimensões da sua grandeza física e riqueza humana, revelava já a virtude de se converter, num futuro próximo, numa relevante sede de e de influência em toda a África Austral.
O impulso dado à sua economia e ao seu desenvolvimento nessa década, que se traduziu em taxas de crescimento do produto interno bruto verdadeiramente fantásticos e na implementação de múltiplas infra-estruturas que ainda hoje subsistem ou se encontram em reabilitação (nomeadamente a expansão urbanística, a rede de estradas asfaltadas e de aeroportos e aeródromos, os aproveitamentos hidroeléctricos e os edifícios escolares, hospitais e sanitários), ainda hoje causa um sentimento de legitimo orgulho em todos quantos o protagonizaram ou simplesmente nele participaram, e que estão convictos que os activos deixados superam largamente os passivos que não deveriam ser ignorados ou camuflados.
Aqui, vou dedicar mais a minha escrita sobre Novo Redondo (Sumbe) a Benguela.
A evolução de cidade seiscentistas como Benguela, fundada em 1617 pelo governador Manuel Cerveira Pereira, ou derivados de um antigo presídio setecentista como Novo Redondo (actualmente designado por Sumbe e capital da província angolana do mesmo nome), adquirem particular destaque neste capítulo do meu Blog, em especial esta ultima por ser a província onde cresci e me vai na alma.
A norte de Novo Redondo desenvolveu-se a vila portuária de Porto Amboim, ponto terminal do caminho-de-ferro que possibilitava o escoamento da produção de café da rica região da Gabela. Mais a sul e a cerca de trinta quilómetros a norte da centenária Benguela, cidade crioula das acácias vermelhas, surgiu nos inícios do século XX uma das maiores cidades porto do Atlântico Sul, o Lobito, prevalecendo-se das invulgares condições naturais da sua baía.
O Lobito constituía a estação de partida do caminho de ferro de Benguela que, cruzando as férteis regiões planálticas do centro de Angola e as savanas do Moxico, alcançava a fronteira em Vila Teixeira de Sousa (actualmente denominada Luau) e permitia a saída das riquezas mineiras do Congo. Entre o Lobito e Benguela, a histórica vila da Catumbela, nas margens do rio do mesmo nome, ostentando ainda a sua antiga fortaleza ou reduto, é sobretudo conhecida pela presença da importante fábrica de açúcar da Sociedade Agrícola do Cassequel no Dombe Grande.
Todos estes inúmeros territórios ao sul do rio Cuanza foram objecto de ocupação durante o domínio filipino de Portugal, concretizado com a função da povoação de Benguela que conferiu a Manuel Cerveira Pereira o título de Governador do Reino de Benguela.
Homenageando o Rei, o fundador designou-a por S. Filipe, que de imediato se converteu num pólo de penetração comercial para o interior.
Contudo, só no século XVIII surgem as primeiras construções em alvenaria, salientando-se a igreja barroca de Nossa Senhora do Pópulo, e o antigo palácio do governo e a alfândega.
O comércio com os sertões que prevaleceu nos primórdios da presença europeia, baseado no tráfico de escravos e nas caravanas do marfim e da borracha, acabou por dar lugar, após a construção do caminho-de-ferro de Benguela, à economia fundada na exploração das riquezas agrícolas – açúcar, tabaco, sisal, batata, arroz, frutos – e piscatórias.
Tendo começado como uma pequena aglomeração de “quintais” e “quintalões”, Benguela tornou-se uma cidade-parque atraente completada pelo fascínio da sua praia morena e da sua baía azul.
Por seu lado, o Lobito, que nasceu como minúscula povoação em 1843 em resultado da mudança de população de Benguela para um local mais salubre, sendo conhecido pela “Catumbela das ostras”, só no início de novecentos arrancou com o seu processo de urbanização em paralelo com os avanços da linha férrea.
A sua restinga permaneceu sempre como factor de identidade própria e sua sala de visitas, mas os bairros residenciais depressa se entenderam para o Compão e para a Caponte vencendo antigas areias e mangais.
A velha vila de Catumbela, dinamizada em tempos recentes pelo empreendimento agro-industrial da Sociedade Agrícola do Cassequel – fabrico de açúcar – ostentava ainda vestígios materiais do seu esplendor comercial no passado, nomeadamente antigas residências dos primeiros colonos e o Reduto de S. Pedro, fortaleza construída em 1846 pelo bisavó do antigo Presidente da República Marechal Carveiro Lopes.
No distrito de Benguela surgiram outros progressivos centros urbanos do interior, como destaque para as cidades da Ganda (Vila Mariano Machado) e Cubal, para as vilas do Bocoio (V. Sousa Lara) e do Balombo (Vila Norton de Matos), e para a importante povoação piscatória da Baía Farta. As missões católicas tiveram uma acção preponderante que não se limitou à evangelização, antes representou um papel pioneiro e anterior às responsabilidades do Estado no que se refere à instrução e à formação profissional, que exemplificamos uma delas a Missão da Ganda.
Nas décadas de cinquenta e principalmente, que me lembra, sessenta, o eixo económico Lobito - Benguela registou um considerável desenvolvimento de unidades fabris, designadamente nos cimentos, pasta de papel, construção naval, metalomecânica e indústrias alimentares.
O impulso dado à sua economia e ao seu desenvolvimento nessa década, que se traduziu em taxas de crescimento do produto interno bruto verdadeiramente fantásticos e na implementação de múltiplas infra-estruturas que ainda hoje subsistem ou se encontram em reabilitação (nomeadamente a expansão urbanística, a rede de estradas asfaltadas e de aeroportos e aeródromos, os aproveitamentos hidroeléctricos e os edifícios escolares, hospitais e sanitários), ainda hoje causa um sentimento de legitimo orgulho em todos quantos o protagonizaram ou simplesmente nele participaram, e que estão convictos que os activos deixados superam largamente os passivos que não deveriam ser ignorados ou camuflados.
Aqui, vou dedicar mais a minha escrita sobre Novo Redondo (Sumbe) a Benguela.
A evolução de cidade seiscentistas como Benguela, fundada em 1617 pelo governador Manuel Cerveira Pereira, ou derivados de um antigo presídio setecentista como Novo Redondo (actualmente designado por Sumbe e capital da província angolana do mesmo nome), adquirem particular destaque neste capítulo do meu Blog, em especial esta ultima por ser a província onde cresci e me vai na alma.
A norte de Novo Redondo desenvolveu-se a vila portuária de Porto Amboim, ponto terminal do caminho-de-ferro que possibilitava o escoamento da produção de café da rica região da Gabela. Mais a sul e a cerca de trinta quilómetros a norte da centenária Benguela, cidade crioula das acácias vermelhas, surgiu nos inícios do século XX uma das maiores cidades porto do Atlântico Sul, o Lobito, prevalecendo-se das invulgares condições naturais da sua baía.
O Lobito constituía a estação de partida do caminho de ferro de Benguela que, cruzando as férteis regiões planálticas do centro de Angola e as savanas do Moxico, alcançava a fronteira em Vila Teixeira de Sousa (actualmente denominada Luau) e permitia a saída das riquezas mineiras do Congo. Entre o Lobito e Benguela, a histórica vila da Catumbela, nas margens do rio do mesmo nome, ostentando ainda a sua antiga fortaleza ou reduto, é sobretudo conhecida pela presença da importante fábrica de açúcar da Sociedade Agrícola do Cassequel no Dombe Grande.
Todos estes inúmeros territórios ao sul do rio Cuanza foram objecto de ocupação durante o domínio filipino de Portugal, concretizado com a função da povoação de Benguela que conferiu a Manuel Cerveira Pereira o título de Governador do Reino de Benguela.
Homenageando o Rei, o fundador designou-a por S. Filipe, que de imediato se converteu num pólo de penetração comercial para o interior.
Contudo, só no século XVIII surgem as primeiras construções em alvenaria, salientando-se a igreja barroca de Nossa Senhora do Pópulo, e o antigo palácio do governo e a alfândega.
O comércio com os sertões que prevaleceu nos primórdios da presença europeia, baseado no tráfico de escravos e nas caravanas do marfim e da borracha, acabou por dar lugar, após a construção do caminho-de-ferro de Benguela, à economia fundada na exploração das riquezas agrícolas – açúcar, tabaco, sisal, batata, arroz, frutos – e piscatórias.
Tendo começado como uma pequena aglomeração de “quintais” e “quintalões”, Benguela tornou-se uma cidade-parque atraente completada pelo fascínio da sua praia morena e da sua baía azul.
Por seu lado, o Lobito, que nasceu como minúscula povoação em 1843 em resultado da mudança de população de Benguela para um local mais salubre, sendo conhecido pela “Catumbela das ostras”, só no início de novecentos arrancou com o seu processo de urbanização em paralelo com os avanços da linha férrea.
A sua restinga permaneceu sempre como factor de identidade própria e sua sala de visitas, mas os bairros residenciais depressa se entenderam para o Compão e para a Caponte vencendo antigas areias e mangais.
A velha vila de Catumbela, dinamizada em tempos recentes pelo empreendimento agro-industrial da Sociedade Agrícola do Cassequel – fabrico de açúcar – ostentava ainda vestígios materiais do seu esplendor comercial no passado, nomeadamente antigas residências dos primeiros colonos e o Reduto de S. Pedro, fortaleza construída em 1846 pelo bisavó do antigo Presidente da República Marechal Carveiro Lopes.
No distrito de Benguela surgiram outros progressivos centros urbanos do interior, como destaque para as cidades da Ganda (Vila Mariano Machado) e Cubal, para as vilas do Bocoio (V. Sousa Lara) e do Balombo (Vila Norton de Matos), e para a importante povoação piscatória da Baía Farta. As missões católicas tiveram uma acção preponderante que não se limitou à evangelização, antes representou um papel pioneiro e anterior às responsabilidades do Estado no que se refere à instrução e à formação profissional, que exemplificamos uma delas a Missão da Ganda.
Nas décadas de cinquenta e principalmente, que me lembra, sessenta, o eixo económico Lobito - Benguela registou um considerável desenvolvimento de unidades fabris, designadamente nos cimentos, pasta de papel, construção naval, metalomecânica e indústrias alimentares.
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