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sábado, 10 de abril de 2010

No Norte de Angola encontrava-se em Guerra



Angola adoptou-me como filho e, mesmo longe, o meu coração continua lá. É um lindo Continente e de boa gente.
Tal como já frisei, o Norte de Angola encontrava-se em Guerra. Os negros daquela zona revoltaram-se contra o sistema governativo e as práticas exercidas por parte dos patrões, donos dessas fazendas, para com os operários. Só passados seis anos, e depois de me sentir integrado na comunidade negra, tinha eu 15 anos, é que comecei a perceber, que eles tinham razão, e os porquês daquela revolta.
Eu sou branco, mas revoltava-me com as práticas feitas pelos brancos, donos de fazendas, para com os seus trabalhadores. Todos os fazendeiros se estabeleciam, sempre perto de uma aldeia de indígenas. Agregada à fazenda abriam uma loja onde havia todo o género de alimentos, bebidas alcoólicas, roupas e sapatos. Através dessa loja, o proprietário fazia coisas que me faziam “revoltar os fígados”. Aos trabalhadores não pagavam em moeda, era-lhes antes atribuído um “vale” que lhes daria o direito a consumirem somente na loja do patrão.
Havia também casos em que os pais dos meus colegas, que tinham pequenas fazendas de café, quando o iam vender a esse branco, ali estabelecido, (porque a cidade ficava longe para o irem vender aos Grémios), o comprador pagava-lhes, também, com um vale.
Desta forma a pessoa não era livre de comprar os seus haveres onde bem entendesse, acabando mesmo por pagar tudo mais caro pelo facto de não terem dinheiro.
Por outro lado, havia a forma do engano, ou seja, o comerciante, ao vender vinho, ao copo, ao litro ou ao garrafão do total vendido, 30% era mistura com água. Muita da aguardente não era aguardente: era álcool, comprado em farmácias, ao qual misturavam água até descer para os 23 graus.
A escravatura tinha sido abolida há uns anos atrás, mas a maior parte dos fazendeiros ainda tratavam os trabalhadores como escravos. E quanto mais humilde fossem, mais escravizados eram. Neste sentido, os Bailundos foram os que mais sofreram. Eram eles os mais contratados, por angariadores, como o “Santos Correia” no Bailundo, para trabalharem nas ditas fazendas sob formas desumanas.
Se os meus amigos tinham algum sentimento de raiva, contra o homem branco, eu tinha muito mais porque sabia o que se passava “por trás da cortina”.
Mas, ainda, pior que isto, era ver o que a tropa portuguesa fazia com os familiares dos meus amigos negros.
Revoltava-me sempre que apareciam lá, na Sanzala! Só porque tinham uma farda, uma cinta cheia de balas e algumas granadas, e de G3 em punho, apanhavam-lhes cabritos, galinhas, cachos de bananas etc. Carregavam o Jeep e lá regressavam ao quartel. Era revoltante, porque em vez de tentarem repor a ordem, a ordem da igualdade e respeito pelos que se sentiam humilhados e defraudados, não. Eles é que praticavam aquilo que o branco civilizado nunca fazia: roubar.
Foram estas e outras coisas que me levaram a compreender a revolta dos negros no Norte e logo que me foi possível, filiei-me na UNITA para, também eu, mostrar o desejo de contribuir na independência e colocar fim ao sistema colonial.
Foi triste, desumana e aterrorizante a matança que ocorreu no Norte de Angola. E quando muitos dos meus amigos negros, e até, alguns conhecidos brancos que moravam na cidade e que eram da minha idade, foram cumprir tropa em 1972 e 1973 para o Norte onde tinha havido os tais massacres de 1961 em diante, alguns, desses amigos, até foram para Cabinda. (Cabinda éra uma província angolana que ficava a norte e separada de Angola pelo rio Zaire. Foi oferecido a Portugal pelo Reinado da nação Congolesa como gratidão por Portugal os ter ajudado na expulsão da invasão Belga). E como dizia, quando, alguns desses meus amigos, passado meio ano vinham à terra eu perguntava-lhes: -Então, tivera confrontos com os da FLEC em Cabinda, ou com os do UPA ou MPLA no Norte? A resposta era sempre a mesma. Diziam: Andamos por entre o mato e nas zonas dos conflitos e não vimos ninguém. A Guerra já acabou, eles desistiram

2 comentários:

  1. Antes de mais quero agradecer a tua visita ao meu cantinho e as palavras lá deixadas, depois dizer-te que sou contra todo o tipo de segregação de descriminação, não importa a cor de pele que possamos ter, mas sim as acções que praticamos, sou contra um branco um negro um pele vermelha ou amarela desde que faça mal seja de que forma for a seu irmão não de cor mas de alma,somos todos iguais nenhum de nós deve magoar outro ser humano não temos esse direito é repulsivo
    deixo um beijinho de bom fim de semana

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  2. há ainda te queria dar saudações benfiquistas, este ano estamos lá

    Benficaaaaaa

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